Tequila e Pimenta: março 2013

quinta-feira, 28 de março de 2013

A Papisa Joana


Fevereiro de 2013. Causou espanto o pedido de aposentadoria, aos 85 anos de idade, do “papa” de Roma, o alemão Joseph Ratzinger, ex-chefe da Inquisição. Um fato raríssimo, ocorrido poucas vezes desde que surgiu a excrescência do cristianismo chamada “papado”. Num momento em que os movimentos pela igualdade de direitos fazem cada vez mais barulho, seria de se questionar por que a “santa igreja” não permite, por exemplo, o sacerdócio feminino. Mas, ainda que queira se apresentar como moderna e se desfazer de sua imagem medieval, Roma ainda resiste a coisas hoje corriqueiras em outros campos, como a globalização. Se o catolicismo fincou pé em todos os continentes, por que resistem à escolha de um “papa” não-europeu? Bento 16 já foi um milagre, pois foi o segundo não-italiano em mais de 500 anos (o primeiro foi seu antecessor João Paulo 2, polonês). Agora, “papa” argentino ou brasileiro soaria como sacrilégio na Capela Sistina. “Papa” de cor negra então seria “o apocalipse”.


Mas o que tentam apagar da história é que pelo menos uma mulher já teria ocupado o trono do Vaticano: a chamada “papisa” Joana, uma das figuras mais controversas da História. Ao longo dos séculos muitos negaram a sua existência; contudo, é considerável o número de documentos que atestam o seu reinado em Roma. Se de fato existiu, terá sido um feito extraordinário, digno de Hollywood: ter ocupado um lugar a que só homens tinham (e têm) acesso. Na “Idade das Trevas”, as mulheres quase não tinham direitos e poucas podiam estudar, porque se cria que eram incapazes de pensar. E em mais uma prova de que a igreja católica permanece na Idade Média, ainda relegam as mulheres a meras serviçais.


Em todo caso, o relato diz que, no ano 814, em Engelheim, Alemanha, nasceu a filha de um cônego inglês que logo deu mostras de inteligência privilegiada. Aprendeu a ler e a escrever, às escondidas, com seu irmão Mateus. O tutor do menino, depois que o garoto morreu, ensinou à menina latim e o grego, e ao partir, prometeu ajudá-la a continuar os estudos. Meses depois o pai de Joana recebeu uma carta do bispo, ordenando-lhe que lhe enviasse a menina. No palácio episcopal, Joana enfrentou rejeição do reitor, que não queria uma menina na escola; mas, por sua inteligência e pela insistência do bispo, foi aceita. Como Joana não poderia ficar instalada junto aos rapazes, o bispo determinou que fosse enviada à casa de um cavaleiro seu amigo, onde ficaria alojada.


Entretanto, enfadada dos estudos, Joana resolveu fugir; assumiu uma identidade masculina e entrou para um mosteiro com o nome de Johannes Anglicus (João Inglês). Ali, com a biblioteca à sua disposição, aprofundou-se nos estudos religiosos e clássicos, tornando-se extremamente culta e erudita. Aprendeu os rudimentos da medicina da época e por fim foi chamada a Roma, para tratar da saúde do “papa” Leão IV. Sempre disfarçada de homem, ganhou prestígio e respeito entre os dignitários da igreja. Foi nomeada “secretário da Cúria” e, depois cardeal.


Com a morte do “papa” Leão IV (17 de julho de 855), acabou eleita “papa” e adotou o nome de João VIII, sendo um “papa” discreto que quase não aparecia em público. Mas certo dia, durante uma procissão, montada num cavalo e à frente do cortejo, como era o costume da época, Joana sentiu-se mal e caiu. Entre dores, sangue e lágrimas, deu à luz uma criança. Os cardeais, atordoados, gritaram: “Milagre! Milagre!”. Na verdade, o “milagre” de um “papa” parir explica-se: ao saber da fuga de Joana, o cavaleiro amigo do bispo não cessou de a procurar, encontrando-a, anos depois, em Roma. Apaixonaram-se; passaram a se encontrar às escondidas, e o bebê seria filho desse cavaleiro.


A partir daí os relatos divergem. Segundo alguns, a multidão apedrejou Joana e a criança até à morte, por ter profanado o trono. Para outros, mãe e filho foram encarcerados até ao fim dos seus dias. Outra versão seria que ambos morreram de complicações do parto.


Uns dizem que Joana nasceu no oriente, em Constantinopla talvez, com o nome de Giliberta, e vestia-se de homem para estudar filosofia e teologia. Depois de algum tempo, sob disfarce, impressionara tanto os doutores da igreja católica com sua sabedoria que foi escolhida para o trono papal. Essa mesma versão também conta que Joana havia se apaixonado por um guarda suíço e engravidara dele.


Já outra versão diz que Joana casou-se com um monge na Grécia, onde teria se vestido de homem para não escandalizar o povo, pois os padres não podiam se casar (veja que não mudou nada). Sob o pseudônimo Johannes Anglicus, fingia ser um apenas discípulo; depois tornou-se monge, e depois cardeal. Após a morte de Leão IV, ficou com a vaga do defunto. Nessa versão ela também engravida, e a justificativa de ninguém descobrir é que a túnica era larga o suficiente para esconder a barriga.
Verdade ou lenda? Se considerarmos o poder da igreja católica naqueles tempos, e que os historiadores eram padres, é fácil compreender por que suprimiram esse “papado” quase três anos: depois de Leão IV já aparece Bento III. E em 872 nomearam outro “papa” com o mesmo nome da “papisa” (“João VIII”).


Mas outros fatos dão força à história:
- Em 1276, o “papa” João XX, após rigorosa investigação, mudou o seu nome para João XXI, reconhecendo, assim, o “papado” de Joana;
- Existiu também, entre os diversos bustos papais de terracota na Catedral de Siena, um da “papisa”. Por determinação do “papa” Clemente VIII, sumiram com ele em 1601.
- Exatamente a partir do ano 857, data da morte da “papisa”, até ao século XIX, era usada uma cadeira com um buraco no assento, usada nas cerimônias da consagração de um novo “papa”. O recém-eleito sentava-se e era feito um exame palpável para se determinar se era, de fato, do sexo masculino. Só então o camerlengo anunciava “Habemus papam” (“temos um papa”). Essa cadeira ainda existe em Roma, não podendo a igreja católica negar a sua existência. 


Evidentemente que os católicos insistirão que isto é apenas uma lenda para difamar a sua “santa igreja”. O chororô é antigo. Barônio considera a “papisa” um monstro que os “heréticos” evocaram do inferno. Um tal padre Labbé acusou os protestantes de serem os inventores da história; mas tendo Joana subido à “santa sé” 500 anos antes do nascimento do primeiro reformador, seria-lhes impossível tal invenção. E Mariano, que escrevera sobre a “papisa” muito antes, não poderia estar citando algum reformador. Florimundo Raxmond comparou Joana, na mesma época, a um enviado do céu para punir a igreja romana, cujas abominações provocaram a cólera de Deus.


Muitos outros escritores descrevem o episódio. Um dos sinais mais interessantes da existência de Joana é um decreto riscando seu nome do catálogo dos “papas”. Genebrardo, arcebispo de Aix, afirma que a “santa sé” foi ocupada por “papas” tão corruptos “que deviam ser chamados apostáticos e não apostólicos”, e que várias mulheres governaram Roma nesse tempo. Com efeito, as cortesãs Teodora e sua filha Marozia colocaram no “trono de ‘são’ Pedro” seus amantes e filhos ilegítimos durante um período conhecido como a “Pornocracia” ou o “governo das prostitutas” .


Marozia dei Teofilatti fora seduzida, ainda adolescente, pelo corrupto “papa” Sergio III (904-911); depois tiveram vários filhos. Sergio, que participara do absurdo julgamento do cadáver , foi descrito por Barônio, Gregório e outros escritores como “monstro” e “criminoso aterrorizante”. Diz um deles: “Por sete anos ocupou a sede de são Pedro, enquanto sua concubina, imitando a rainha Semiramis, reinava na corte em pompa e luxo como nos piores dias do velho Império Romano”. Sobre Teodora, relata: “Esta mulher, junto com Marozia, a prostituta do papa, encheu a sé papal com seus filhos bastardos e converteu o palácio em um labirinto de ladrões”. Em 914, Teodora conseguiu nomear “papa” João X, então seu amante, assassinado em 928 por Marozia, que queria levar o seu macho do momento (Leão IV) ao trono. Este só durou um ano: se lascou todo quando Marozia percebeu que ele tinha uma prostituta mais imoral do que ela mesma. Marozia então mexeu os pauzinhos e elegeu seu filho com Sergio, ainda adolescente (chamado João XI); este, depois de uma briga com desafetos foi encarcerado e acabou envenenado. Em 995, um neto de Marozia tomou posse como João XII, tão corrupto quanto os outros, culpado de invocar o demônio e fazer-lhe brindes, viciado em jogo, roubos e imoralidades e até de provocar incêndios. Nenhuma mulher honesta, solteira, casada ou viúva, se atrevia a sair em público, pois esse “papa” não lhes tinha respeito. Levantou a ira do povo ao transformar o palácio papal em bordel; passou toda a vida em adultério e assim morreu, assassinado pelo marido da mulher com quem dormia.


E nem vamos falar muito sobre Olimpia Maidalchini, a papisa secreta , que no século XVII comandou a igreja católica através de seu cunhado e amante, o “papa” Inocêncio X. Mais sobre esses e outros escândalos “intra-muros”neste link.
A podridão está entranhada nas muralhas do Vaticano, depois de 1700 anos de corrupção - pois como se sabe, o catolicismo se inicia depois do Edito de Milão, no IV século depois de Cristo - e não antes.

Fonte: http://doa-a-quem-doer.blogspot.com.br/2013/02/segredos-do-vaticano-papisa-joana.html

quarta-feira, 13 de março de 2013

Inês de Castro - A rainha morta.


Você sabe de onde surgiu a expressão "agora Inês é morta"?
Essa expressão largamente utilizada nos dias atuais, significando "tarde demais", surgiu de uma história real muito antiga, datada do século XIV em Portugal, a história de Inês de Castro, a rainha morta. Cheia de intrigas, romance, assassinatos e outros elementos, a história de amor entre o príncipe infante D. Pedro I de Portugal e de Inês de Castro permanece até hoje no imaginário popular.

Tudo começou por volta de 1320, com o nascimento do príncipe Pedro, filho do rei Afonso IV. Ainda criança, o príncipe infante foi prometido a Constança Manuel, filha de um descendente de monarcas dos reinos de Aragão, Castela e Leão. Já na maturidade, Pedro não almejava o casamento, mas fora submetido a tal, casando-se com sua prometida.

Entretanto, D. Pedro I apaixonara-se por Inês de Castro, dama de companhia de sua mulher e jovem de grande beleza, sendo por ela correspondido. A partir de então, ambos iniciaram um romance nada discreto que nunca fora bem visto pela Corte e pelo povo português.



O romance adúltero se tornava cada vez mais intenso, levando o pai do infante, rei D. Afonso IV, a ordenar o afastamento de Inês da Corte, sendo exilada em Albuquerque, Castela. Algum tempo depois, em 1345, Constança morreu durante um parto e o príncipe se viu liberto, trazendo de volta sua amante para Coimbra. Durante o tempo em que estiveram juntos, Inês teve 4 filhos de Pedro I, aumentando ainda mais a insatisfação popular e dos nobres. O rei também temia que os Castro, irmãos de Inês, agissem contra o herdeiro legítimo do trono, seu neto d. Fernando, filho de Pedro e Constança, para levar ao poder um dos filhos bastardos.

Dom Afonso foi convencido por três de seus conselheiros – Pedro Coelho, Álvaro Gonçalves e Diogo Lopes Pacheco – de que somente a morte de Inês poderia afastar tantos riscos políticos. Em 7 de janeiro de 1355, os três asseclas do rei partiram para Coimbra e encontraram Inês sozinha, pois Pedro havia saído para caçar. Eles a degolaram impiedosamente, e seu corpo foi enterrado às pressas na igreja de Santa Clara.


De volta, Pedro ficou louco de dor e, movido pela raiva, levantou um exército contra seu pai. O rei revidou. O confronto só terminou com a intervenção da rainha-mãe, dona Beatriz, que propôs e conseguiu que ambos aderissem a um tratado de paz em agosto de 1355. Dois anos mais tarde, em 1357, D. Afonso IV morreu. Pedro subiu ao trono de Portugal e seu primeiro ato foi mandar procurar os assassinos de Inês de Castro, refugiados em Castela.

Segundo consta, o novo rei escolheu uma morte particularmente cruel para os homens que destruíram seu objeto de amor. Mandou que lhes arrancassem o coração: de um, pelo peito, e do outro, pelas costas. Reza a lenda que Pedro também mandou colocar o corpo de Inês no trono, pôs uma coroa em sua cabeça e obrigou os nobres presentes a beijar a mão do cadáver. Está nessa narrativa a origem da expressão “Agora, Inês é morta”, que quer dizer algo como “tarde demais”.


O rei Pedro I mandou esculpir sua história em detalhes no próprio túmulo. E quando ele morreu, em janeiro de 1367, seu corpo foi enterrado próximo da bem-amada. Os corpos não foram colocados lado a lado, como seria mais natural, mas um de frente para o outro, para que no dia da ressurreição pudessem se levantar e cair nos braços um do outro.

Os suntuosos túmulos de pedra branca dos trágicos amantes podem ser visitados no mosteiro de Santa Maria de Alcobaça. Sobre o de Pedro, está escrito que os dois permanecerão juntos “até o fim do mundo...”.

domingo, 10 de março de 2013

A história de Lilith, a primeira mulher de Adão que foi banida da Bíblia.


No primeiro capítulo do Livro de Gênesis, versículo 27, está escrito: "Deus criou o homem à sua imagem e semelhança; criou-o à imagem de Deus, criou o homem e a mulher." Porém no segundo capítulo, versículo 18, está escrito: "O Senhor Deus disse: "Não é bom que o homem esteja só; vou dar-lhe uma ajuda que lhe seja adequada." e no versículo 22 do segundo capítulo Eva é criada: "E da costela que tinha tomado do homem, o Senhor Deus fez uma mulher, e levou-a para junto do homem.".

Mas no primeiro capítulo Deus já não havia criado o homem e a mulher a sua imagem e semelhança? Porque ele criaria outra, a Eva, como acontece no capítulo 2?

No versículo 23: "Disse então o homem: Esta, sim, é osso dos meus ossos e carne da minha carne! Ela será chamada mulher, porque do homem foi tirada.". Mas como assim "esta sim", Adão? Quer dizer então que já houve outra mulher???



É possível que no primeiro capítulo a mulher criada seja Lilith. Segundo a mitologia Hebraica, depois que Deus criou Adão, que estava sozinho, ele disse: 'Não é bom que o homem esteja só "(Gênesis 2:18). Ele então criou a mulher para Adão, da terra, como ele havia criado o próprio Adão, e chamou-a de Lilith.

Adão e Lilith imediatamente começaram a brigar. Lilith disse: "Por que devo deitar-me embaixo de ti? Por que devo abrir-me sob teu corpo? Por que ser dominada por ti?" Contudo, eu também fui feita do mesmo pó que tu e por isso sou tua igual." Quando Lilith reclamou de sua condição a Deus, ele retrucou que essa era a ordem natural, o domínio do homem sobre a mulher.

Inconformada, ela abandonou o Éden, fugiu do paraíso e foi para o Mar Vermelho. Lá ficou livre, conheceu e teve relações com diversos demônios. Adão pediu a Deus sua companhia de volta, Deus mandou 3 anjos buscarem Lilith no Mar Vermelho e trazer ela de volta ao Paraíso. Quando os 3 anjos encontraram Lilith ela respondeu que não poderia mais voltar, pois já tinha desonrado seu marido se prostituindo com os demônios. Adão ficou sozinho, então Deus criou Eva e essa história vocês já conhecem...

Lilith juntou-se aos anjos caídos onde se casou com Samael, o anjo da morte, Samael deu-lhe a conhecer o prazer de Adão não era capaz de oferecer, e com ele teve vários filhos demoníacos. Desde então, Lilith tentaria destruir a humanidade, filhos do adultério de Adão com Eva, pois mesmo abandonando seu marido ela não aceitava sua segunda mulher.

Ao contrário de Eva que morreu como um ser humano, Lilith alcançou a imortalidade, casada com Samael, tornou-se amante de Lúcifer.

Lilith é também referida na Cabala (sabedoria que investiga a natureza divina) como a primeira mulher do bíblico Adão, sendo que em uma passagem (Patai 81: 455f) ela é acusada de ser a serpente que levou Eva a comer o fruto proibido.



Por que Lilith foi banida da Bíblia?




Atualmente, na Bíblia o nome de Lilith só aparece uma vez em Isaías 34:14: E as feras do deserto se encontrarão com hienas; e o sátiro clamará ao seu companheiro; e Lilite pousará ali, e achará lugar de repouso para si.

Nas traduções recentes da Bíblia a palavra Lilite é substituída por demônio ou bruxa do deserto.

Lilith pode ter sido retirada da Bíblia durante o Concílio de Trento, a interesse da Igreja Católica, para reforçar o papel das mulheres como devendo ser submissas, e não iguais, ao homem.

Atualmente o motivo pode ser o contrário. Hoje em dia, muitos religiosos interpretam o trecho da Bíblia:"As mulheres sejam submissas a seus maridos, como ao Senhor" (Efésios 5:22) no sentido da mulher ser protegida do marido, não no sentido de ser inferior a ele. Mas essa interpretação não seria possível se a história de Lilith, que prova justamente o contrário, ainda estivesse na Bíblia. Então para que nós não achássemos que Deus seja também um machista (já que ele mesmo diz a Lilith que a mulher devia ser inferior ao homem pois era a ordem natural da vida), a história de Lilith foi retirada da Bíblia e não é mais contada nas traduções modernas do livro sagrado, sendo considerada apenas parte da "mitologia" hebraica.

Fonte: http://monteolimpoblog.blogspot.com.br/2011/02/o-demonio-lilith.html